domingo, 9 de agosto de 2009

APRESENTAÇÃO

A compreensão da Abordagem Centrada na Pessoa pressupõe um resgate de sua concepção filosófica: Fenomenologia e Existencialismo. Não a fenomenologia Kantiana, cuja crítica é a pretensão do conhecimento de atingir o fenômeno, nem a Hegeliana, no movimento dialético da negação da negação para a superação. Deve-se seguir em busca da Fenomenologia de Husserl, fundamentada no dinamismo intencional de uma consciência aberta. Intencionalidade significando que aquilo que um objeto é constitui-se espontaneamente na consciência, e que considera que os conceitos e os termos devem permanecer em “devir”, sempre prontos a se diferenciar conforme o avanço da análise da consciência e do conhecimento de novos níveis fenomenológicos.
Fenomenologia surgida em momento de crise, no qual a crítica de Husserl dirigia-se às teorias científicas apegadas à objetividade e à crença de que a realidade reduz aquilo que percebemos pelos sentidos.
Existencialismo de Nietzsche – para quem a filosofia é uma “visão” de acordo com a qual o homem deve viver. Como atitude existencial, sentido de experimentar novas evidências, abandonando antigas posições na criação apaixonada da verdade, embora dela todos nós tenhamos receio. “Ao homem cabe, como tarefa, fazer com que a sua existência não seja um simples acidente sem significado, pois o problema fundamental do homem consiste em alcançar a verdadeira existência em vez de deixar a vida se reduzir a um simples acidente.” (Gilles). O critério de valor da existência não é apenas a simples vida, e sim a vida aperfeiçoada e transfigurada. Vontade de Potência – conceito nietzscheano -- , significando a vontade de superação de si mesmo, auto superação, e o eterno retorno como antítese da desvalorização do momento no finito do indivíduo.
Em Martin Buber – Filosofia Dialógica da Relação – compreende-se a concepção do papel do terapeuta, o desdobramento da concepção deste papel e da conceituação da psicoterapia e do trabalho clínico.
ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA – TRABALHANDO O LEGADO DE ROGERS -- Sobre os Fundamentos Fenomenológico Existenciais. Constitui-se como obra primeira, na medida em que aponta para uma reflexão sobre a concepção filosófica que fundamenta a ACP.
Constitui-se de uma coletânea de ensaios, resultado de estudos, reflexão e experiências desenvolvidas pelo autor em seus ensinamentos em universidades, cursos de formação, facilitação de grupos como também de sua efetiva prática clínica.
Identifico neste trabalho dois momentos: primeiro o exame dos pontos de contato entre a Fenomenologia, o Existencialismo e a Abordagem Centrada na Pessoa. Segundo, proporcionar uma introdução ao pensamento filosófico às pessoas interessadas na teoria de Carl Rogers.
Como professora, psicoterapeuta, aluna, considero o texto de exemplar clareza de compreensão da Filosofia à Teoria de Carl Rogers e à prática clínica. Estabelece uma lógica tal, que dele se pode usufruir, na medida em que vem a preencher lacunas existentes no campo acadêmico.
Como pessoa, um sentimento de orgulho e a reafirmação de respeito por você, Afonso.
Diana Belém, psicóloga.
Recife, Abril de 1997.